A Maçonaria Brasileira

  

Embora a primeira loja maçônica brasileira,  chamada “Cavaleiros da Luz”, tenha surgido na Bahia, em 1797, o Grande Oriente do Brasil –GOB- surgiu apenas em 1822, com a união de três lojas na cidade do Rio de Janeiro.

Assim, o GOB é uma espécie de CBF- Confederação Brasileira de Futebol, composta pelas federações estaduais (como a FPF- Federação Paulista de Futebol), que por sua vez é formada por clubes de futebol (como São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos etc). Na estrutura do GOB existe um poder central (como a CBF, com jurisdição sobre tudo o território nacional), poderes estaduais (como as federações estaduais) e lojas maçônicas, que equivaleriam aos clubes de futebol.

Tal como no esporte, em que o futebol é jogado pelos clubes, e não pelas federações, a maçonaria acontece nas lojas, não nos órgãos administrativos estaduais, muito embora esses órgãos administrativos estaduais e o poder central sejam essenciais para a unidade do GOB. Assim, a sede nacional do Grande Oriente do Brasil fica em Brasília/DF, onde funciona a administração central do GOB, mas em cada estado existe uma estrutura local, como GOB-RJ (Grande Oriente do Brasil do Estado do Rio de Janeiro), GOB-SP (Grande Oriente do Brasil do Estado de São Paulo), GOB-PR (Grande Oriente do Brasil do Paraná) e assim sucessivamente.

O resultado é que cada GOB local possui certa autonomia em relação ao poder central, embora exista uma relação umbilical entre toda a estrutura administrativa, desde qualquer loja, esteja onde estiver no território nacional, passando pelo GOB estadual, até chegar no GOB nacional.

O objetivo da maçonaria é tornar o mundo mais justo e fraterno através da solidariedade, da união, do respeito à diferença, da educação e do incessante combate à ignorância e à tirania. Não é sem motivo que a maçonaria tem como pilares os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade.

Um ateu não pode ser maçom, pois é preciso acreditar na existência de um criador, e eu mesmo conheço excelentes maçons espíritas, católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus e umbandistas. Para que não haja nenhuma desavença sobre religião, Deus é chamado de Grande, ou Supremo, Arquiteto do Universo.

Nem tudo é perfeito na maçonaria. Embora sempre seja apregoado que somos todos eternos aprendizes, que a família e os amigos são nossa maior riqueza e que precisamos controlar nossas vaidades, não perdemos nossa condição de ser humano. E, consequentemente, absolutamente falíveis, repleto de máculas. O resultado é que, embora o ideário maçônico seja perfeito, as pessoas que deveriam colocá-lo em prática não.  

Assim, houve um cisma no GOB em 1927, com a criação das Grandes Lojas Brasileiras. Em 1973, outra cisão, e foi criada a COMAB- Confederação Maçônica do Brasil. A ruptura mais recente é de 2018, e a nova cizânia marcou a criação do Grande Oriente Maçônico de Pernambuco- GOMPE e o desligamento do Grande Oriente de São Paulo do GOB, ou seja, a desfederalização ou desassociação dos paulistas gobianos.

De qualquer forma, todas são oriundas do GOB. Em comum, além da origem, está no fato de que um maçom de uma Grande Loja pode visitar uma loja do GOB, e vice-versa, da mesma forma que podem visitar e ser visitados por um maçom da COMAB. Apenas com relação às lojas dissidentes de 2018 a questão ainda está nebulosa, mas nada como um dia após o outro para que as nuvens sejam dissipadas.

Há inúmeras outras denominações apresentadas como maçonaria, a maioria aceitando até mesmo ingresso pela internet. Basta preencher um formulário e pagar, com toda a comodidade do mundo moderno, que tudo chega pelos correios. Fuja dessa cilada. Até mesmo as que possuem prédios e realizam encontros regulares podem representar grandes dissabores, pois esse filiado não poderá visitar uma loja do GOB, da Grande Loja ou da COMAB. Isso porque a filiação nessas instituições não obedece a determinados critérios, e consequentemente essas pessoas associadas não são reconhecidas como maçons. É mais ou menos como quem cursa uma faculdade, presencialmente ou on line, e depois descobre que seu curso não é reconhecido pelo MEC.

Vladimir Polízio Júnior, CIM 222.832, é Dep. Fed. pela ARLS Estrela do Acre nº 3.287, GOB-AC. 

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