Karatê no Presídio
O
Estado do Espírito Santo tem oferecido aulas de karatê para cerca de 30
presidiários em Vila Velha, o que motivou pedido de esclarecimentos do
Ministério Público junto à Secretaria de Segurança Pública, já que os agentes
carcerários estavam temerosos com as consequências dessa atividade. Na edição
de 2 de dezembro de “A Gazeta”, o vice-presidente do Sindicato dos Agentes
Penitenciários, Denys Mascarenhas, denunciou: "Os presos que estão fazendo as aulas são justamente os mais
problemáticos e violentos. Em vez de aprenderem uma profissão, eles estão
aprendendo a imobilizar e até a matar uma pessoa". Já para a diretora
de Ressocialização da Secretaria de Justiça, Quesia da Cunha Oliveira, "Problemas de disciplina sempre ocorrem
em momentos de tensão e o que estamos fazendo agora, com as aulas, é diminuir
essa tensão"; ela informa que as aulas começaram há menos de um mês e
os benefícios são inquestionáveis, porque "Essa
prática ocorre no mundo inteiro e foi inspirada na experiência desenvolvida nas
prisões do Rio de Janeiro. A ideia não é apenas ocupar o tempo dos presos, mas
utilizar a filosofia da arte marcial na ressocialização dos detentos,
promovendo inclusão social e a mudança de atitude dessas pessoas".
Com
razão a diretora. Não há risco algum para a integridade dos agentes
penitenciários, e nem dos próprios presos, que existam aulas de artes marciais.
Afinal de contas, salvo raríssimas exceções, nossos presídios apenas acolhem
pessoas inocentes, que não representam nenhum risco à sociedade. Na verdade,
melhor seria instruí-los até mesmo com aulas de tiro, já que alguns estão
familiarizados com o uso de pistola ou fuzil, e são esportes olímpicos.
Contra
essa miopia do Estado, salutar a intervenção do Ministério Público. Não é ser
contra a prática esportiva, mas pela priorização de atividades que insiram o detento
no mercado de trabalho e lhe ensinem uma profissão. Há, ainda, outros esportes
menos violentos, como o xadrez e o vôlei, sem dizer no bom e velho futebol. O
que não se pode perder de vista é que a grande maioria dos que cumprem pena
cometeram algum delito, e é por essa conduta que estão presos.
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