O STF e a Justiça
A Constituição Federal
estabelece, como órgão máximo do Poder Judiciário, que 11 brasileiros natos,
indicados por supostamente constituírem o que de mais proeminente exista no
universo jurídico nacional, e que por isso devem ter a maior remuneração concedida
a um servidor público, componham o Supremo Tribunal Federal. Indicados pelo Chefe
do Executivo, são sabatinados pelo Senado (uma das poucas atribuições, aliás,
dessa casa de Leis) e agraciados com um cargo que lhes assegura 2 meses de
férias por ano e que dura até os 70 anos, quando então são compulsoriamente
aposentados, dentre tantas outras vantagens.
Na prática, muitos ministros do
STF se tornam importantes somente depois de empossados, e alguns ainda tem uma
passagem tão apequenada que não deixam nenhum legado. O critério político de
escolha de um ministro amesquinha o que deveria ser uma casa composta por
juristas do maior quilate. Hoje, a força do STF está mais no alcance e nas
repercussões de suas decisões que na capacidade técnica de ética dos
magistrados, infelizmente. O debate jurídico diminuiu. Não deveria ser condição
imprescindível para a substituição de qualquer dos ministros a cor da pele ou o
sexo, tampouco orientação político-partidária. Quando a ministra Ellen se
aposentou precocemente (ainda não completara 70 anos), em 08 de agosto último, teve
como maior mérito ter sido a 1ª mulher a integrar aquela Corte, empossada que foi
em 14/12/2000. Para substituí-la, entendeu a atual Presidente que deveria ser
outra mulher.
Por essas e outras que o STF, que
n’algumas decisões confere uma leitura de vanguarda na proteção dos direitos
fundamentais elencados na nossa Carta Magna (recentemente reconheceu-se o casamento
homossexual), noutras se atola na defesa dos próprios amesquinhados interesses corporativistas.
Como exemplo temos a decisão de um ministro de postergar o julgamento dos
acusados do caso mensalão, que podem se safar pela prescrição (que é uma
criação nacional para assegurar a impunidade depois de certo tempo), e outro
que diminuiu os poderes investigativos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em
benefício próprio. Isso não é justiça. Lamentavelmente, há ministros sem a
estatura exigida para o cargo.
Vladimir Polízio Júnior, 41 anos, é defensor público (vladimirpolizio@gmail.com)
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