Uma Ministra Para o STF
Com a aposentação
obrigatória do ministro Cezar Peluso, no último dia 31, a presidenta Dilma
Roussef indicou ao cargo o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Teori
Zavascki, que para assumir o posto impende aprovação do Parlamento, que
acontecerá em breve. Entretanto, novas vagas surgirão na Corte Constitucional.
Dos 11 ministros, o atual presidente, Ayres Brito, completará 70 anos em 18 de
novembro, e deverá aposentar-se compulsoriamente; já Celso de Mello, que
completa a idade máxima em 2015, teria confidenciado a amigos que deixaria o
STF logo após o julgamento do “mensalão”.
Assim, nossa presidenta terá
duas oportunidades maravilhosas de deixar um legado para o fortalecimento do
Estado Democrático de Direito e gravar seu nome na história: basta nomear para
o cargo de ministra do STF Eliana Calmon. É essa baiana, nascida em 05 de
novembro de 1944, procuradora da república e juíza federal entre 1974 e 1999,
sempre aprovada em concurso público, e ministra do STJ desde então, a principal
responsável pela transparência no Poder Judiciário. Como corregedora do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), função que ocupou por dois anos, até o último
dia 04, promoveu um verdadeiro combate ao nepotismo e ao corporativismo. O
Judiciário não é mais o mesmo. Creio ser esse o melhor perfil para um ministro
do STF.
Em recente entrevista à
Revista Veja, Eliana destacou a importância do julgamento do “mensalão”: “O Supremo faz com que a magistratura se enquadre num novo modelo. Toda
a carreira- e a magistratura em especial- vive de lição e exemplo. Temos de ser
exemplo para as pessoas que estão abaixo de nós. No momento em que o Supremo
ensina a lição e dá exemplo, vira referencial. O juiz da comarca passa a ter
referência, admiração, e passa a trabalhar para se igualar àqueles que ele
admira no topo da hierarquia. Quando o Supremo faz um julgamento técnico, sério
e rápido, com votos compreensivos, como tem sido neste caso, isso transmite
credibilidade ao povo brasileiro. O Supremo está dizendo que a corrupção, que
durante dois séculos reinou neste país, a partir de agora tem um freio, e este
freio está no Poder Judiciário. Não haverá mais tolerância com a corrupção. Não
tenho dúvida de que isso já está provocando mudanças nos planos de certos bandidos,
inclusive os de toga”.
O Supremo precisa de alguém
com os predicados de Eliana. Ela acredita na Justiça.
Vladimir Polízio Júnior, 41 anos, é defensor público (vladimirpolizio@gmail.com)
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