Prefeitos Imperfeitos
O exercício de um cargo
público, sobretudo se afeto à Administração, é atribuição das mais dignas e
responsáveis. Isso porque esse múnus exige que o interesse defendido seja
sempre o que atenda ao bem comum. E se é comum, não é deste ou daquele grupo,
mas sim amplo e indeterminado, de modo que atenda ao maior número de pessoas.
O verdadeiro administrador
público se preocupa com o presente atento ao futuro, e sabe que a Administração
Pública, seja prefeitura, governadoria ou mesmo presidência da República, não é
sua. Nunca foi e nem será. Daí que mandatos são provisórios, e os cargos para o
Executivo permitem apenas uma reeleição para o período seguinte, o que
significa, na prática, que prefeitos, governadores e presidentes podem permanecer,
sem interrupção, no máximo, por 8 anos ininterruptamente.
Mas se nossos partidos
políticos ainda não atingiram a maturidade necessária para um Estado
Democrático de Direito, interesses mesquinhos de alguns administradores em
final de gestão apenas corroboram ainda mais para a descrença popular com a
classe política, presente em dois dos três Poderes da República.
Em grande parte dos
municípios brasileiros, a quantidade de vereadores aumentou. Segundo noticiou
Veja em 02 de julho, foram criadas mais de 5 mil vagas para vereador nas
eleições de 7 de outubro. Será que isso significa melhor qualidade da produção
legislativa a partir de janeiro? Duvido. Mas explica o porquê da reprovação de
muitos vereadores nas urnas para mais um mandato: o pensamento individualista
de maus políticos, que se imaginam eternos no poder, é uma farsa com prazo
certo.
Em 2012, mais uma vez não
foram poucos os alcaides que, infelizes porque recusados na reeleição ou
refutados seus apoiados, transformam-se em aberrações. Os princípios
constitucionais que devem nortear a Administração Pública, ditados na parte
final do art. 37, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência, pensam alguns quase ex-prefeitos, não teriam aplicação em final de
legislatura. Bobagem. No município capixada de Baixo Guandu, por exemplo, o
prefeito dispensou grande parte dos servidores municipais temporários, muitos
deles contratados por processo seletivo e prazo certo, logo depois de revelado
o descontentamento popular com sua gestão. Coube à Defensoria Pública buscar,
no Judiciário, a reintegração dessas vítimas da má administração, e o juiz determinou
a imediata recontratação dos exonerados.
Vladimir Polízio Júnior, 41
anos, é defensor público (vladimirpolizio@gmail.com)
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Abraço.